Perdemos com o Chelsea por 1-4 após prolongamento e estamos fora
do Mundial de Clubes. Depois de uma vitória histórica frente ao Bayern,
esperava-se que isso inspirasse o Benfica a também derrotar os ingleses, mas ao
invés aumentámos o nosso registo para quatro derrotas em quatro jogos com eles.
No entanto, se há algo a dizer sobre este jogo é que a nossa derrota é
merecida, mesmo que seja fruto de vários erros individuais da nossa parte.
Com o Florentino de regresso ao onze, o Bruno Lage manteve o
Aursnes na lateral-direita (também não há outro...!), o Leandro Barreiro no
centro e o Schjelderup na esquerda, com o Kökçü a entrar para o lugar do “fatigado”
(segundo o treinador) Renato Sanches. Um lance do Pavlidis semelhante ao que
teve frente aos alemães, em que também não conseguiu rematar foi o nosso único
ataque com algum perigo na 1ª parte. De resto, limitámo-nos a defender, não
conseguíamos sair a jogar, e mal passámos do meio-campo, numa partida, em que
durante a maior parte dela, fez lembrar
esta de má memória. Parecíamos uma
equipa pequena, de tal maneira que até ao intervalo não fizemos um único
remate! Do lado contrário, o António Silva salvou de cabeça uma bola em cima da
linha e o Trubin fez novamente bem uma
mancha
desta vez ao Cucurella.
Na 2ª parte, o sacrificado do costume (Schjelderup) lá saiu,
embora ninguém estivesse a jogar nada, e entrou o Aktürkoğlu, que passou também
ao lado do jogo... Grande
vantagem na
substituição, sem dúvida nenhuma...! Até aos 64’ continuámos sem nos lembrar
que havia uma baliza do outro lado do campo, excepção a um centro do Aursnes
que o guarda-redes Robert Sánchez ia deixando escapar. Se o Trubin tinha sido
um dos destaques até esta partida,
borrou
a pintura toda no tal minuto 64’ ao permitir que o James, num livre
lateral, conseguisse meter a bola na baliza, dado que o ucraniano estava mal
colocado à espera do cruzamento. Erro de principiante! A partir daqui, lembrámo-nos
finalmente de que o objectivo do futebol é meter a bola naquele rectângulo com
redes no outro lado do campo e o Di María desmarcou bem o Pavlidis, mas este
perdeu no corpo-a-corpo com o Badiashile, quando o tentou fintar para ficar
isolado. Entretanto, o Bruno Lage foi fazendo substituições e colocou o Belotti
e Prestianni a 20’ do fim, e foi o argentino a ter uma soberana ocasião para empatar,
depois de uma óptima jogada do Aursnes na direita, mas falhou de forma clamorosa
o remate quando praticamente só tinha o guarda-redes pela frente. Quando
faltavam só cinco minutos para terminar o jogo, a organização deu ordens para o
interromper por causa do mau tempo. Sendo que, com a previsível compensação de outro
tanto, dez minutos depois ainda não tinha caído uma única pinga de água e trovões
nem vê-los. Ou seja, em qualquer outro país do mundo, o jogo teria terminado sem
problemas. Mas nos EUA não, tivemos à semelhança do Auckland outras duas
horas(!) à espera desta vez para jogar 10’...! Inacreditável! (Vão fazer isto
no Mundial de selecções para o ano, vão... Vai correr
muitíssimo bem...!). Quando finalmente voltou a haver jogo, já
depois dos 90’ tivemos um penalty a nosso favor
caído do céu, por mão do Gusto num livre para a área. O jogador estava
de costas e o braço levantado por causa do salto. Para mim, estes lances não são
penalty nenhum, mas as regras agora são estas e beneficiámos dela. O Di María
marcou pessimamente o penalty, rasteiro e para o meio da baliza, mas felizmente
conseguiu enganar o guarda-redes e fazer o 1-1. Íamos para prolongamento sem
saber bem como...
Logo no início do tempo suplementar, o Prestianni que, para
além daquele falhanço, tinha errado praticamente todas as acções que tinha
feito no jogo, incluindo um cartão amarelo por falta dura, falha outra
intercepção e acerta de sola num adversário vendo naturalmente o segundo
amarelo. Imperdoável! Curiosamente, foi com dez e durante a 1ª parte do
prolongamento que melhor jogámos em toda a partida. Num contra-ataque, bem
conduzido pelo Belotti, o Aktürkoğlu rematou
à figura do Sánchez e noutro o Di María também permitiu a defesa do
guarda-redes. Com alguma sorte, poderíamos perfeitamente ter chegado à
vantagem. Em termos defensivos, fechámo-nos bem e não permitimos chances do
outro lado. Só que na 2ª parte do prolongamento, tudo descambou. O Leandro
Barreiro perdeu a bola no meio-campo, o Chelsea contra-atacou, o Trubin teve o
segundo enorme erro do jogo ao deixar que o remate passasse por baixo do corpo,
a bola ficou perto da linha, o Otamendi tentou aliviar, mas a bola ressaltou no
Nkunku, que se conseguiu virar e fazer o 1-2 aos 108’... Aselhice e muito azar
neste lance! Pouco depois, o entretanto entrado Tiago Gouveia tem uma boa
iniciativa pela direita, mas centrou mal e um defesa atirou para canto. Aos 112’,
o jogo acabou com o 1-3: perda de bola do Di María na zona de meio-campo,
equipa descompensada, contra-ataque rápido e o Pedro Neto isolado frente ao
Trubin não falhou. Aos 116’, o Chelsea fez o 1-4 final pelo Dewsbury-Hall,
aproveitando igualmente o facto de estarmos completamente perdidos em campo.
Em termos individuais, o António Silva e o Otamendi foram os
melhores do Benfica. Aliás, o António sai valorizado deste Mundial de Clubes o
que é muito bom, dado que a temporada não lhe correu especialmente bem. O Di
María marcou quatro penalties e foi o nosso melhor marcador na competição.
Despede-se do Glorioso de uma forma mais positiva e consentânea com a sua valia,
do que seria a seguir à final da Taça de Portugal. Do lado negativo, está indiscutivelmente
o Prestianni que colocou em causa toda a equipa com a sua expulsão. Eu gosto
dele, acho que tem potencial para se afirmar, faz coisas diferentes em campo,
mas muito possivelmente colocou em cheque a sua permanência no Benfica com este
jogo. Não se pode falhar desta maneira quando está todo o mundo a ver! O Trubin
também acabou por estar em evidência pela negativa, depois de estrondosas exibições
anteriores. Foi pena.
Conseguimos os serviços mínimos nesta competição, que era
chegar aos oitavos-de-final, mas, depois de ficarmos em 1º lugar no grupo do Bayern,
sinceramente esperava mais. Há muito para reflectir em relação ao plantel antes
de começar a nova época, em que teremos logo no início a Supertaça e os jogos de
qualificação para a
Champions. Com
este calendário disruptivo do Mundial de Clubes, não se avizinham tarefas nada
fáceis.